Bagunças

Eu não lembro bem ao certo onde a gente estava, se era a minha ou a sua casa, e o chão estava cheio de coisas que precisavam ser colocadas em armários. Eram muitas coisas espalhadas pelo chão e não dava pra andar direito pela cozinha.

Você estava encostada na parede, usava uma camiseta amarelinha e seus cabelos estavam soltos. Eu segurava uma caixa pesada e tentava não pisar em nada, era só deixar a caixa onde você estava para voltar e buscar a próxima. Acho que eu estava trazendo as caixas e você guardando as coisas…

Era de noite e não tinha luz na casa mas, ao invés de estar escuro, misteriosamente havia um ponto de luz que permitia enxergar confortavelmente as coisas pelo chão da cozinha. De repente, eu tropecei em algo que não consegui enxergar e quase derrubei a caixa. Soltei um palavrão e fiquei bem aborrecido enquanto você ficava olhando pra mim sem dizer nada, aquilo me deixou mais irritado!

– Poxa! Você não vai guardar as coisas? Isso aqui tá uma baita bagunça – disse eu sem alterar o tom da voz apesar da bronca por quase ter derrubado a caixa –

Você apoiou as costas na parede. As mãos apoiadas em algo que eu não conseguia enxergar e me lançou um olhar que tomou conta de mim, um olhar tipo ‘Calma! Temos tempo’.

Não entendi muito bem o olhar apesar de ter sido dominado por ele e uma vontade represada passou a agir sobre meu corpo. Uma vontade que eu conhecia muito bem e há muito tempo.
Fui ali desviando calmamente pelo caminho enquanto soltava aquela caixa pesada que se abriu, deixando espalhar vários objetos de cozinha.

Parei bem em sua frente. Dava pra sentir o cheiro do seu perfume, quase no fim, dava pra ver bem seus olhos que olhavam fixos os meus, seus cabelos estavam por entre os meus dedos e aproximei meu rosto do seu num movimento bem sutil. Passei meu nariz no seu, passei a mão em seu rosto pra sentir sua pele e, de uma forma bem suave, sem pressa, roubei um beijo teu.

Aquele momento deve ter durado uns 10 segundos. Quando afastei um pouco meu rosto, você foi abrindo os olhos, sua boca estava entreaberta. Você começou a abrir um sorriso bem devagar mas, enquanto isso ia acontecendo, despertei do meu sono.

Ao despertar, fiquei ali olhando para o teto, lembrando do que acabara de acontecer. Vi que horas eram e fiquei uns minutos entre vários outros pensamentos do mundo real. Peguei o celular e resolvi te mandar uma mensagem para te contar, detalhadamente, como foi o sonho que eu tive…
Mentira, sou tímido demais pra isso.